O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Para onde foi o compromisso moral de Marta Suplicy?




A primeira coisa que pensei quando soube que Marta Suplicy aceitou o convite de Dilma Roussef para ser Ministra da Cultura foi no projeto de lei 122/2006 que pretende criminalizar a homofobia.

Senti um incômodo.

Os sentimentos cegam a razão, para o bem e para o mal.

Não foi diferente em relação a atual Ministra da Cultura. A admiração que nutrimos por ela justificaria a sensação. O primeiro momento da notícia de sua saída do Senado foi de prejuízo ao interesse pessoal, mas em seguida, achei que a situação merecia uma melhor ponderação, afinal, envolvia a Marta.

É que ela além de não ser LGBT, também não foi uma candidata com uma plataforma específica direcionada ao segmento. Isto me fez sentir estar sendo injusto cobrar ou sentir qualquer espécie de indignação.

Só para lembrar, Marta foi uma candidata ao Senado de SP, com propostas de trabalhar para a eliminação da pobreza no Brasil e a implantação de Centros Educacionais Unificados no Estado de São Paulo, além de defender a destinação dos royalties do pré-sal para a educação. A priori qualquer suplente que seja natural de São Paulo terá propósitos bastantes semelhantes.

Sob este aspecto, me pareceu absolutamente justo e um direito seu em galgar outros rumos, portanto, não teria existido “traição”.

Então porque a tal sensação?

Como todos lembram, o PLC 122/2006 foi para o arquivo e Marta Suplicy após se eleger Senadora da República tratou de desarquivá-lo e dar andamento ao mesmo, chamando para si a responsabilidade da luta em nome dos LGBTs.

Marta sempre foi comprometida com a causa LGBT e sempre mereceu total admiração e respeito de toda comunidade.

Na época que se candidatou a senadora pelo estado de São Paulo, Marta, como sempre, esteve presente a Parada Gay e durante a campanha posou com a coordenação regional LGBT do PT. Nada mais natural.

Sua última campanha, mesmo menos explícita em relação aos gays, foi além dos territórios paulistas. Eu mesmo, daqui do RJ sempre fui um grande entusiasta da Marta. Reconhecimento é o mínimo.

O eleitor LGBT, marcado pela triste característica da infidelidade ao candidato LGBT abre uma feliz exceção quando o nome de Marta Suplicy entra na roda. Nem mesmo a lambança de Dilma Roussef com evangélicos conseguiu atingir de forma direta e contundente nossa musa política.

E, após eleita Senadora da República, em qualquer lugar deste país, como ocorreu no Rio de Janeiro e na Bahia, sua acolhida pelos LGBTs sempre foi de entusiasmo, recebendo Marta com aplausos de pé.

Marta superou o estado de origem e ganhou o respeito nacional.

A militância LGBT não chegou a ser surpreendida com a possibilidade de saída de Marta Suplicy do cargo de Senadora, pois foi amplamente divulgada sua intenção de concorrer este ano nas eleições municipais para prefeita, o que acabou não acontecendo por força da vontade de Lula e seus correligionários partidários.

Mas daí veio o convite de Dilma para o ministério da cultura, que segundo noticias, já havia sido oferecido à senadora em abril deste ano, mas que foi recusado. Segundo interlocutores, ela teria dito que esperava uma pasta mais polpuda, como a das Cidades.

O Segundo convite, para a mesma pasta, como já ressaltado no início, foi aceito, um dia após um apoio político questionável para um determinado candidato a prefeito da cidade de São Paulo. Afirma-se, na imprensa, que o convite foi resultado de uma tratativa de troca de interesses.

Só aí, os ingênuos LGBTs pararam para se perguntarem se ela saísse como ficaria o PLC 122 e quem entraria em seu lugar.

Se a resposta para a primeira pergunta já era uma desgraça, para a segunda foi uma verdadeira catástrofe.

Marta abandona a relatoria do PLC 122, sai de cena do Senado e entra no seu lugar seu suplente, Antonio Carlos Rodrigues (PR).

O Suplente da Marta não surgiu da cartola. Já era pessoa nominada, conhecida, com nome, endereço e histórico a mão de qualquer pessoa. Evidente que para Marta Suplicy e o PT a memória da figura do suplente sempre foi latente. Ambos sempre souberam de quem se tratava. Só os LGBTs, ingênua e descuidosamente, batiam palmas de pé para o possível sucesso de Marta sem saber o que lhes esperavam.

Marta deixou em nossos colos um presente de grego, o suplente Antonio Carlos Rodrigues (PR) que vai assumir sua vaga no Senado, além de amigo pessoal do Magno Malta, é contra o casamento igualitário e o aborto. "Vou seguir sempre as posições da Igreja Católica nas votações. Para mim homem é homem e mulher é mulher. Também sou contrário ao aborto e à eutanásia", disse o senador suplente, deixado por Marta para nós, sempre com a contribuição costumeira da Presidenta Dilma, que parece ter vindo do fogo eterno predestinada a infernizar a vida dos LGBTs .

Evidente que sei que a suplência não foi definida por ela, mas pelo partido que prima por seus interesses políticos. No entanto, ninguém pode esquecer que ela o aceitou.

Minha conclusão pessoal é que Marta nos traiu e é responsável direta pelos danos e retrocesso que nos causa neste momento. Ela, voluntariamente, nos convenceu de sua posição como nossa garantidora, assumindo no Senado Federal a responsabilidade de tentar a garantia, cuidado, proteção e defesa aos LGBT e, mesmo tendo a possibilidade de continuar atuar neste sentido, optou por colocar naquele local, sob sua responsabilidade, alguém que irá nos perseguir, atacar e negar direitos.

Ela, e não outra pessoa, fez isto, neste momento. No meu entender, Marta Suplicy tinha o dever ético de impedir que isto ocorresse.

Mas qual foi a resposta de Marta para nós?

A nova ministra da Cultura, Marta Suplicy, disse nesta quinta-feira que a opinião do seu suplente no Senado, Antonio Carlos Rodrigues (PR), contra o casamento gay e o aborto "não causa nenhum constrangimento" a ela. "Ele estava na minha coligação partidária, é o meu suplente. Não tenho nada a dizer sobre isso. A grande maioria dos evangélicos não é homofóbica. São pessoas que respeitam a diversidade", disse a nova ministra, esquecendo que seu suplente afirma ser católico”.

Foi significativa e de doer essa resposta. Nos dá o exato local no qual estamos para a Ministra.

Amargo gosto de Traição.

É sempre amarga a traição que vem acompanhada da decepção em alguém que se acreditava.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Austrália inova contra a Lgbtfobia



No final de agosto, o Ministro da Saúde lançou na televisão australiana dois vídeos para combater a homofobia.

Até aqui, apesar do reconhecimento da devida intervenção do estado, nada demais.

A excepcional diferença, digna de registro, fica por conta do conteúdo.

É que os vídeos denunciam a existência da prática velada de homofobia presente nas escolas, clubes desportivos, locais de trabalho e outros lugares públicos. E mais, a campanha centra-se na necessidade de haver uma resposta não só de quem sofre a homofobia como também daqueles que a testemunham.

Segundo o Ministro da Saúde Mental, Maria Wooldridge, o desafio é que todos possam entender que têm responsabilidade de agir contra a discriminação motivada na homofobia.

A página em http://www.notohomophobia.com.au auxilia o cidadão a se informar, encontrar apoio e agir, contendo toda a informação relevante, recursos e contatos em um só lugar. 

A Porta-voz, Anna Brown, afirma: "Todo mundo concorda, não há lugar para o racismo ou o sexismo na Austrália moderna. Homofobia, bifobia e a transfobia não são diferentes. Assédio homofóbico não é aceitável e, muitas vezes ilegal. Precisamos parar o assédio e os danos que causam aos nossos amigos, membros da família e vizinhos."

Excelente exemplo para campanhas daqui. Denunciar a discriminação velada ou não que ocorrem em espaços públicos cotidianos e chamar a todos, vítimas ou testemunhas, independente da orientação sexual, a responsabilidade, instigando a uma imediata reação.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Te dizer bye-bye, até nunca, jamé!



Dia especial de recordações.

Recordação doce de afeto eterno.

Saudades.

Hoje seria um dia para comemorar um aniversário de alguém especial.

Uma prima, lésbica, adorável que se foi, por razões misteriosas, de repente, há muitos anos atrás.

Pensei em postar um vídeo da Janis Joplin que ela tanto gostou, mas achei que havia outra que se encaixava tão bem e que faria qualquer um entender o significado daquilo que estou sentindo e que gostaria de compartilhar. Ao ver o vídeo abaixo, tenho certeza que dividirão comigo o sentimento de admiração, prazer e saudades.

E a música é a cara delas.

Aliás, me recordo que essa minha prima, sempre audaciosa, foi num casamento onde estaria toda família vestida... de smoking. Linda, feminina e transgressora!

Janes Joplin morreu aos 27 anos, minha prima Ana Carla aos 32 e Cassia Eller aos 39. Sabotagem?

Sabotagem
Sabotagem
Sabotagem
Eu quero é que você se...top, top, top

Lari...Lari...Lari...Lari!

Ninguém vai dizer que eu deixei barato
Vou me ligar em outra
Te dizer bye-bye-, até nunca, jamé!


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