O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


domingo, 17 de outubro de 2010

Surgem pequenos sinais vitais de vida LGBT!


O que foi aquilo (Silas Malafaia!) ontem na propaganda eleitoral de José Serra?

Alguém deveria informar aos tucanos que foi a melhor campanha pró-Dilma que assisti até agora!

O percentual de 6% da população que não possui religião e passou a votar em Serra pode mudar de lado depois desta vinculação pública.

Enquanto o PT vai caindo na real o PSDB começa a perder a mão e viaja na maionese!

Não tenho dúvida que, desde o início da campanha política, o estrago maior foi para o PT vinculando suas propostas e imagem aos cristãos, afinal, historicamente, possuía propostas mais progressistas em relação às mulheres, lgbts e as demais minorias.

A campanha de Dilma se comportou em sentido oposto, até o momento.

Hoje, se questiona muito mais - a credibilidade - de uma candidata a presidência da república que primeiro se diz favorável ao aborto, depois muda de opinião para agradar os religiosos, da mesma forma que seu partido sempre defendeu causas LGBTs e agora voluntariamente faz acordos públicos para renegá-los . Essas mudanças de perfil e discurso foram a maior desgraça da Dilma. Ela precisa, no tempo que resta, tentar o resgate da confiança de jovens e eleitores mais liberais. Não se trata de questionar o direito de opinião da candidata, mas de não passar uma imagem cheia de interrogações e dúvidas que só favoreceram ao outro candidato. Se a campanha de Dilma insistir em negociar e aparecer ao lado de Garotinho, Color, Sarney e qualquer outro político com histórico publicamente questionável, acredito piamente que Dilma correrá sérios riscos de perder estas eleições.

Serra não havia se jogado na cova dos leões. Manteve lá sua posição contra o aborto, relativizava covardemente os direitos gays, sem fazer muito marola. Atendia as expectativas religiosas, não faltava a uma missa e fez seu discurso também hipócrita de grande homem de fé, entretanto, sem comprometer tanto sua imagem quanto Dilma. O único que o colocou em risco foi seu vice, manifestamente despreparado. Mas, neste momento, aparecer na televisão com o mais xiitas do fundamentalistas evangélicos, Silas Malafaia, não há perdão. O medo entra em cena. A vinculação está feita, tanto quanto Dilma.

Outra coisa que não entendo. Lula é o Presidente do país. Presidente de todos nós e mesmo daqueles que são de partido diferentes do seu. Sua ostensiva campanha para Dilma me parece indecente.

Um presidente deveria se portar como tal. Ir para alguns estados brasileiros e se dizer contra jornalistas, elites e até bairros porque de “gente rica” e etc me estarrece. Como pode o presidente de todos se dizer contra parte do próprio povo que deve cuidar? Antes de ser do PT, Lula é presidente de toda a nação. Evidente que deve apontar a sua favorita, mas com o mínimo de compostura e ética.

O que ocorre com o Lula não é diferente que se dá com a militância LGBT do PT
. Assim como Lula, eles são antes petistas e só depois, muito depois, militantes LGBTs. Isso explica porque nestes 08 anos tão poucas conquistas foram obtidas num Partido que se auto intitulava pró-LGBT.

Hoje, pelo menos no Jornal O Globo, continua a aparecer os pequenos sinais vitais de vida LGBT.

Depois de uma campanha pública dos evangélicos e até dos candidatos contra o projeto a lei que pretende criminalizar a homofobia, na capa do jornal há a chamada de matéria com o título: “crimes contra gays crescem”, trazendo as pesquisas realizadas pelo guerreiro Luiz Mott, que coleciona todas as notícias onde são anunciados assassinatos de homossexuais.

Outras matérias também lembram que LGBTs existem. A mãe do adolescente de 14 anos, Alexandre Ivo, assassinado por homofóbicos, denuncia as vidas interrompidas com crueldade. Regina Novaes, antropóloga, também questiona a ausência de discussão sobre a criminalização de homofobia e a mistura de religião e política e, por fim, uma linda matéria de Caetano Veloso, delatando que, apesar de Marina ser a evangélica, a mesma foi mais coerente que Serra e Dilma, que querem parecer ser mais religiosos que ela.

Não sou profeta e nem visionário. Mas eu bem que disse, naquela postagem onde foi anunciada a reunião de Dilma, que poderia não surgir uma tsunami, mas que ao menos uma marolinha a candidata poderia esperar. Está aí. Serra vai pelo mesmo caminho.

Toda ação corresponde a uma reação. Não se trata apenas de direitos fundamentais para LGBTs, mas de coerência, razão e discernimento.

A maioria do povo ainda é católico e não segue as cegas as orientações da religião. Católico vai ao centro espírita, joga búzios, Tarot, faz aborto (com culpa), adora carnaval e também comparece as paradas LGBTs.

E, além dos católicos, muitos não seguem qualquer religião, apesar de alguns até afirmarem possuir uma. Especialmente para estes é inaceitável que suas vidas sejam determinadas pela vontade das igrejas evangélicas e estão atentos as discursos dos dois candidatos quando se referem aos direitos das mulheres e dos LGBTs.

A marolinha pode virar uma onda.
/
Mas existem perdas praticamente irreparáveis. Algumas questões deveriam ter sido rebatidas na hora e, particularmente, acho que faltou ao MLGBT combater a equivocada supervalorização do voto evangélico (o resultado da última pesquisa realizada após o acordo da Dilma com os evangélicos, no segundo turno, prova isto) e, especialmente, o convencimento dos candidatos junto a opinião pública que casamento é sacramento, alimentando, e muito, a confusão entre o que é civil e religioso. Aliás sobre esta última questão o silêncio absoluto reina na mídia. Azar o nosso.

Um comentário:

Anônimo disse...

"A confusão entre o que é civil e religioso". Com certeza isso é o que se passa na cabeça de políticos ignorantes como tais... Azar o nosso mesmo.

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