O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


sábado, 4 de setembro de 2010

O que distingue o HIV da AIDS? E quais as principais diferenças entre os vírus HIV-1 e HIV-2 que causam a AIDS?

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Vamos abordar um tema desagradável, mas necessário. Afinal, Informação e Saúde são direitos de todos.

Hoje foi largamente divulgado na imprensa que a Fiocruz confirmou a presença do tipo de vírus HIV-2 em 15 pacientes no Brasil.

Imagino que a maioria já deva estar informada sobre este fato e acho desnecessário utilizar o blog para apenas “transcrever” o que todos já souberam pelas principais fontes da imprensa.

Por este motivo, sem deixar de reiterar o fato em si para aqueles que eventualmente ainda não leram sobre o assunto, gostaria de tentar retirar algumas dúvidas comuns que ocorrem quando lemos sobre o tema.

Como não sou da área médica e tampouco pesquisador, só me restou pesquisar nas páginas especializadas sobre o tema, abaixo indicadas, em sites brasileiros e americanos. Portanto, não sei se atualizados, mas ainda assim, suficientes para entender as principais diferenciações.

Com intuito de ser didático, o primeiro esclarecimento que deve ser realizado é sobre uma questão já mais que conhecida, mas que ainda algumas pessoas continuam com dúvida.

Afinal, qual a diferença entre HIV e AIDS? Porque alguns falam que apenas possuem o vírus, mas não foi desenvolvido a AIDS?

HIV significa Vírus da Imunodeficiência Humana. Vamos dar uma olhada mais de perto com essas palavras e o que elas significam:

H" é para o Homem, o que significa que o ser humano só tem esse vírus. Essa é outra maneira de dizer que o vírus é "específico da espécie." Assim você não precisa se preocupar sempre ser infectado de um animal de estimação ou um mosquito.

"I" é de Imunodeficiência, o que significa que esse vírus faz com que seu sistema imunológico tenha alguns problemas sérios. O sistema imunológico combate as doenças e infecções. Quando o sistema imunológico começa a ter problemas, torna-se mais fácil para você ficar doente e mais difícil para você ficar bem.

"V" é para os Vírus, que se refere ao tipo específico de germe ou antígeno. Outros tipos de germes são as bactérias, fungos e parasitas. Felizmente, todos os tipos de germes podem ser mortos com medicamentos específicos. Infelizmente, o vírus não pode ser morto. Você não pode tomar um medicamento como antibiótico e se livrar do HIV. O vírus fica para sempre conosco. Às vezes, somos capazes de criar condições nas quais eles não nos causam problemas, e é aí que um forte e saudável sistema imunitário vem a calhar.

AIDS ou sida é a síndrome de imunodeficiência adquirida. É o resultado de um sistema imunológico enfraquecido, causada pela infecção por HIV. AIDS é diagnosticada quando uma pessoa é positiva para o HIV e também tem uma ou mais infecções oportunistas de AIDS (existem 27) e/ou tem um teste de marcador laboratorial de 200 ou menos células-T. AIDS deve ser diagnosticada por um médico. As infecções oportunistas associadas à AIDS são chamadas de "doença definidora de AIDS" e também deve ser diagnosticada por um médico.

Ultrapassado esta pseuda conceituação básica e distinções, cumpre ir à questão que hoje nos interessa.

O que é HIV-2

HIV-2 (ou Vírus da Imunodeficiência Humana Tipo 2), um segundo tipo de HIV foi descoberto em 1985, mas acredita-se que estiveram muito antes presentes na África. É encontrada principalmente na África Ocidental.

Qual é a diferença entre HIV-1 e HIV-2 HIV-2

  • é transmitido da mesma forma que o HIV-1: Através de exposição a fluidos corporais como sangue, sêmen, lágrimas e secreções vaginais;
  • Tanto o HIV-1 e HIV-2 podem evoluir para AIDS;
  • Imunodeficiência humana (ou um sistema imunitário enfraquecido) desenvolve mais lentamente e é mais branda em pessoas com HIV-2;
  • Pessoas infectadas com o HIV-2 são menos infecciosas nas fases iniciais do vírus do que aquelas com HIV-1;
  • No entanto, nas fases posteriores, o HIV-2 é que faz mais danos. Ele foi encontrado nos estágios posteriores com poder mais infeccioso, causando uma série de doenças em um curto espaço de tempo;
  • O contágio do HIV-2 aumenta à medida que o vírus evolui;
  • A maioria dos casos reportados de HIV-2 foi encontrada na África Ocidental. Há poucos casos de HIV-2 no Brasil;
  • Além disso, outra diferença importante reside em termos de pesquisa clínica, bem como serviços médicos disponíveis para cada estirpe.

É o tratamento para um HIV-2 é diferente do tratamento para o HIV-?

Algumas das drogas usadas para tratar o HIV-1 não são eficazes contra o HIV-2.

“O achado tem um impacto direto na questão do tratamento oferecido pelo governo federal, uma vez que o HIV-2 é resistente aos antirretrovirais do tipo não-nucleosídeos – uma das classes medicadas no Brasil”. Dos 19 remédios que integram o coquetel antiaids, o HIV-2 apresenta resistência a apenas a um. Para o ministério, o resultado da pesquisa não deve ser visto com alarde, pois não representa a maioria dos brasileiros. A recomendação do governo federal é o uso frequente da camisinha para evitar a infecção por um dos vírus (tipo 1 ou 2) e também a coinfecção (os dois tipos ao mesmo tempo).

Os sangues de doadores são testados para o HIV-2?

Sim, sangues doados são testados para o HIV-1 e HIV-2.

É melhor ter HIV-2 do que o HIV-1? Não há cura para o HIV-1, HIV-2 ou AIDS. Embora existam pequenas diferenças nas duas vertentes do HIV, o HIV-1 e HIV-2 levam ao mesmo resultado com risco de vida.

Agora os brasileiros correm um risco maior?

De acordo com Dirceu Greco, diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, o vírus já tinha sido identificado no país anteriormente. “A novidade é que, pela primeira vez, ele foi caracterizado genotipicamente. A descoberta não representa um risco maior à população”, salienta. No Brasil, o HIV-2 ainda representa uma parcela pequena da população infectada. As formas de contágio, no entanto, continuam sendo as mesmas: contato sexual, pelo sangue e de mãe para filho, durante a gestação.


Quais os riscos para aqueles que já estão infectatos pelo HIV-1?

O vírus HIV-2 pode significar um risco extra às pessoas que já possuem o HIV-1. “Se imaginarmos que a infecção atinge diretamente nosso sistema imunológico, com o contágio dos dois vírus, nosso sistema de defesa será bombardeado por dois agentes”, comenta Ana Carolina. Como os vírus convivem em sintonia e se multiplicam simultaneamente no organismo, o contágio, chamado de infecção conjunta ou superinfecção, ocorre também com subtipos do HIV-1, classificados com letras de A a H (no Brasil, os subtipos mais comuns são o B, C e o F).


Qual a melhor prevenção contra o HIV-2?

A melhor prevenção, para todos, ainda é o uso de preservativos. Os especialistas são unânimes no alerta: a prevenção com camisinha deve ser usada pelos soropositivos mesmo em relações com outras pessoas soropositivas.
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Não custa ainda, reproduzir a mais completa e atual matéria que encontrei, publicada na página “Agência de Notícias da Aids”:

"Depois de analisar amostras de sangue de soropositivos, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificaram em 15 exames a coinfecção por dois vírus que causam a aids, o HIV tipo 1 e 2.

De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo nesta quarta-feira, o HIV-2 - bem menos comum – pode ter uma evolução mais lenta e ser menos transmissível. Porém, segundo explica a geneticista Ana Carolina Vicente, “se uma pessoa está coinfectada e é tratada como se fosse somente tipo 1, ela pode até ter a infecção controlada, mas muitos de seus marcadores podem continuar debilitados”.

O Brasil já registra a coinfecção por dois vírus distintos causadores da aids, o HIV-1 e o HIV-2. Pesquisadores da Fiocruz identificaram a situação em 15 amostras de sangue de pacientes do Rio de Janeiro e fizeram ontem um alerta: o problema pode ser ainda mais disseminado do que se imagina e ter um impacto significativo no tratamento.
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Os dois vírus causam a síndrome da imunodeficiência adquirida, mas têm origens evolutivas totalmente diversas. Por isso mesmo, apresentam diferenças significativas entre seu genoma e biologia. Originalmente, eram vírus que atingiam populações distintas de macacos, causando doenças diferentes, e que saltaram para populações humanas em momentos diversos.

O HIV-2 teria surgido primeiro, na década de 40, possivelmente na Guiné Bissau. O HIV-1, por sua vez, apareceu uns 20 anos depois, na atual República Democrática do Congo.
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"Em relação ao HIV-1, a infecção pelo tipo 2 difere por ter uma evolução mais lenta para os quadros clínicos relacionados. Também há evidências de que a transmissão vertical (mãe-filho) e sexual não seja tão eficiente quando comparada ao HIV-1", explica nota divulgada ontem pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Talvez por isso mesmo, o HIV-1 tenha se espalhado rapidamente pelo mundo, gerando uma pandemia, enquanto o tipo 2 permaneceu bem mais restrito a algumas regiões da África.

De acordo com números de 2008 da Organização Mundial de Saúde (OMS), dos 34 milhões de soropositivos do mundo, apenas 2 milhões seriam pessoas infectadas pelo HIV2. Tamanha diferença acabou gerando uma sobreposição do tipo 1 e, em muitos casos, a coinfecção.

No início da epidemia mundial de aids, nos anos 80 e 90, chegou-se a especular que o Brasil seria um forte candidato a registrar um número significativo de casos do tipo 2, uma vez que o HIV-2 era originário de países africanos de língua portuguesa, ex-colônias de Portugal. Com os testes ainda não muito acurados, havia muita informação contraditória sobre a presença ou não do tipo 2 no país.

Em 1991, o Gafrèe Guinle, que atendia a pacientes soropositivos, registrou, juntamente com pesquisadores americanos, três casos de coinfecção pelos dois vírus. Em 2005, foi registrado também o caso de uma estudante africana. E era tudo o que se tinha no país em termos de casos descritos.

“Recentemente, por conta de um projeto do Ministério da Saúde, que queria saber o que exatamente estava acontecendo, o meu laboratório começou a desenvolver algumas metodologias”, conta a geneticista Ana Carolina Vicente, chefe do Laboratório de Genética Molecular de Microorganismos do IOC e coordenadora da pesquisa. “Começamos, então, uma busca ativa pelo HIV-2. Por coincidência, pesquisadores do laboratório de análises clínicas Sérgio Franco tinham começado a encontrar resultados que apontavam para a coinfecção”.

Foram 15 amostras testadas no laboratório do IOC, tanto sorologicamente quanto molecularmente, confirmando a coinfecção pelos dois tipos. Os testes normalmente feitos para diagnóstico de HIV indicam a presença do retrovírus, mas não necessariamente detalham o seu tipo. Do ponto de vista dos bancos de sangue e da disseminação do vírus, o fato de se desconhecer a incidência do tipo 2, como esclarece a geneticista, não é potencialmente perigoso. Ou seja, não há o risco de um doador estar contaminado sem que se perceba. Mas, no caso do tratamento, a questão é diferente.

No Brasil, o tratamento é universal e pago pelo governo. Ocorre que os antirretrovirais não têm exatamente a mesma performance contra os tipos 1 e 2 do vírus”, explica a pesquisadora. “Se uma pessoa está coinfectada e é tratada como se fosse somente tipo 1, ela pode até ter a infecção controlada, mas muitos de seus marcadores podem continuar debilitados. Muitos médicos, nesses casos, podem pensar, erroneamente, que o indivíduo é resistente ao tratamento. E pode não ser nada disso. Mapeando os tipos, poderemos oferecer um tratamento mais específico”.

Os especialistas acreditam que uma pessoa infectada pelos dois tipos apresentaria infecções distintas. Mas também, em tese, poderia acontecer a troca de material genético entre os tipos, gerando um vírus híbrido. Pouco se sabe sobre a evolução clínica de uma coinfecção, muito menos sobre o que aconteceria no caso de um híbrido.“Estamos em comunicação direta com o Ministério da Saúde”, conta Ana Carolina. “Claro que temos que expandir esse universo, já há um projeto nesse sentido, o ministério está dando embasamento para criarmos sentinelas em grupos do Brasil todo para o levantamento da situação”."
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