O presente blog se propõe a reflexão sobre os Direitos Humanos nas suas mais diversas manifestações e algumas amenidades.


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Blog do Noblat acusa canditados a presidência da república de serem portadores DO NADA ou do QUASE NADA

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Muito interessante a leitura ontem do Blog do Noblat acerca dos candidatos a presidência da república e as questões do casamento e adoção por homossexuais.

Ricardo Noblat, jornalista reconhecidamente astuto e com grande senso crítico, nos oferece uma visão com sua intelligentsia e nos incita a refletir sobre aquilo que representaria o real papel de um candidato a presidência da república.

Não se trata de um militante de direitos humanos lgbts. É um jornalista heterossexual com grande senso crítico e que tenta exercer sua cidadania formando opiniões com esclarecimentos advindo de sua expertise. Um homem que conhece a política e os políticos e luta por um Brasil melhor.

Não digo isto porque ele defendeu uma causa que me é particularmente importante. Já seguia o seu blog porque o admiro como jornalista e pensador que luta por um Brasil melhor. Quem o acompanha sabe disto.

Mas impossível não transcrever aqui seus comentários sobre o "casamento entre homossexuais":
"Falta nesta eleição alguém viável e que reúna coragem para dizer simplesmente o seguinte: “Vou fazer como a presidente da Argentina, vou trabalhar para aprovar no Congresso Nacional a liberação plena do casamento entre pessoas do mesmo sexo”.

É casamento mesmo, e não subformas de contornar a encrenca. O debate entre os argentinos foi esclarecedor. Trata-se apenas de garantir um direito fundamental: o da igualdade. Se heterossexuais podem casar-se, por que não estender a prerrogativa aos homossexuais?
Assuntos como a religião e a orientação sexual são da esfera privada. E o Estado? Cabe a ele oferecer as condições para o pleno exercício do direito de escolha. Só. Se determinada igreja condena certas preferências sexuais, que selecione os fiéis como bem entender. Mas é assunto dela, não nosso (se a ela não pertencemos).

Complicado é a Igreja Católica tratar com suavidade os casos de pedofilia homossexual em suas fileiras e, ao mesmo tempo, pressionar os poderes constituídos para manter como cidadãos de segunda categoria os homossexuais que desejam levar uma vida transparente, digna e cidadã.

Idem para as demais igrejas, incluídas as evangélicas. Se estão insatisfeitas com a influência do catolicismo na esfera pública, não é razoável que também queiram ditar normas para quem não segue sua cartilha.

É hora de enfrentar o preconceito, nas diversas variações. Uma delas: a resistência a permitir que casais homossexuais adotem crianças.

Vamos acabar com isso. Dezenas de milhares de pequenos órfãos ou relegados esperam uma oportunidade de futuro. Orientação sexual não define a qualidade do pai, ou da mãe, para criar o filho, ou a filha.

Em resumo, trata-se apenas de lançar o tema da escolha sexual no rol dos assuntos com que o Estado nada tem a ver.

Eis um ponto. Mas infelizmente é baixa a probabilidade de ele e outros relevantes serem debatidos com franqueza e objetividade. O script dos candidatos viáveis é sabido. Eles percorrem o país não para saber o que devem fazer, mas principalmente para recolher os vetos provenientes dos diversos grupos de pressão.

Assim, pouco a pouco, os candidatos vão se transformando em portadores do nada. Ou do quase nada. A consequência natural é serem incapazes de mobilizar a sociedade. Daí que estejamos diante da campanha eleitoral talvez mais passiva desde a redemocratização.

Do jeito que vai, ela só galvanizará mesmo os portadores e beneficiários de espaços estatais (ou paraestatais) e os candidatos a um. Cada qual no seu papel. Já a sociedade acompanhará à distância, reservando-se o direito de decidir na hora da urna.

Nos países desenvolvidos costuma ser assim, quando a eleição não coincide com nenhuma grande crise. O problema é que nós não somos ainda um país desenvolvido. Temos impasses gigantescos a superar. Impasses cuja solução exige imensa energia social.

O “casamento gay” é um exemplo. Deve haver outros. Mas em fase de bonança econômica nem o governismo quer marola nem a oposição tem coragem de ousar.

Uma pena.
Sem emoção "
Me chamou especial atenção quando Noblat afirma que os candidatos "percorrem o país não para saber o que devem fazer, mas principalmente para recolher os vetos provenientes dos diversos grupos de pressão...os candidatos vão se transformando em portadores do nada. Ou do quase nada."

Significa dizer que, o preço da conquista da eleição se faz por estes candidatos mediocres na mesmice, no saber daquilo que é polêmico e sobre o qual não se deve se posicionar. As promessas e os discursos são medidos, não por aquilo que acreditam, mas naquilo que não afete os números de votos. Nem mesmo a ideologia partidária fica isenta, ainda que seu Partido tenha se comprometido com uma posição já predeterminada.

Tudo é maleável. Todas as ideologias se adequam as circunstâncias. Os amigos e inimigos ideológios se tornam "coligações" e as ideias sustentadas pretensamente por um grupo social, as quais refletem, racionalizam e defendem os próprios interesses e compromissos institucionais, sejam estes morais, políticos ou econômicoso que se dane!

É o empobrecimento da política com o intuito de agradar ao público modesto e tornar sua mensagem mais plana, sem expressão ou acréscimos. Trata-se da proposta da continuidade, com algum verniz imprescindível. É como disse o Noblat, é a proposta do nada ou quase nada.

Fonte:

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